Telefone:
  • (54) 3455-0900
Endereço:
Rua Doutor Aguinaldo da Silva Leal, 321 - Cidade Alta , Bento Gonçalves/RS
gehlen@gehlencontabilidade.com.br

BC compra dólar, mas moeda cai para R$2,059

Bancos forçam queda da divisa para lucrar em operações no mercado futuro com a autoridade monetária

Fonte: Jornal O GloboTags: dolar

O Banco Central (BC) voltou ontem ao mercado à vista pelo segundo pregão consecutivo para comprar dólar. A moeda americana abriu o dia em baixa, chegando a R$2,053, mas, durante o leilão do BC, à tarde, foi negociada a R$2,081. A divisa encerrou o dia em queda de 0,44%, para R$2,059, apesar do dia também negativo na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o que normalmente resultaria em alta da divisa.

A queda de ontem, nessas circunstâncias, mostra a provável tendência da moeda americana, pelo menos para este mês, segundo analistas. O diretor de Câmbio da NGO Corretora, Sidnei Nehme, avalia que a situação foi criada pelo próprio BC, ao fazer leilão de swap reverso na semana passada.

Nessas operações, a autoridade monetária recebe a variação do dólar e paga uma taxa de juros aos bancos que aderem ao leilão. Segundo Nehme, as grandes instituições vão pressionar para forçar a queda da moeda americana ao longo do mês, já que os contratos de swap reverso vendidos na semana passada têm vencimento no primeiro dia útil de junho.

Da mesma forma que a operação equivale à compra de dólar pelo BC no mercado futuro, para os bancos significa venda da moeda a uma cotação acertada. Quanto mais o dólar cair, melhor para as instituições, que recebem, além dos juros, a diferença entre a cotação do contrato e a vigente na data, caso o dólar caia. Se o dólar subir, o BC recebe a diferença, pois terá acertado a compra da moeda a uma cotação mais baixa do que a vigente no vencimento.

Bolsa cai 0,82%, com investidor embolsando lucro

O BC já havia comprado dólares à vista na sexta-feira, a R$ 2,0785, tendo sido aquela a primeira compra à vista desde 10 de setembro, antes do recrudescimento da crise financeira internacional. Após 15 de setembro, quando o cenário global se deteriorou, a autoridade fez movimento inverso, chegando a vender US$14,5 bilhões de suas reservas, segundo afirmou o presidente do BC, Henrique Meirelles, na semana passada.

Em nota emitida após o re torno às compras, o Banco Central afirmou que o objetivo dos leilões é "promover a gradual recomposição das reservas internacionais do país" e ressaltou que o regime de câmbio vigente no Brasil é flutuante, sem meta de uma taxa.

O Índice Bovespa (Ibovespa) registrou perda de 0,82%, para 50.976 pontos, acompanhando as bolsas americanas, com investidores vendendo ações para embolsar os lucros recentes, sem um noticiário intenso da economia. Só na semana passada, a alta do Ibovespa foi de 8,68%. Em Nova York, o Dow Jones caiu 1,82% e o eletrônico Nasdaq, 0,45%.

Projeções para PIB e indústria voltam a cair

O mercado financeiro voltou a reduzir sua previsão para o desempenho da economia. De acordo com a pesquisa Focus, divulgada ontem pelo Banco Central (BC), a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos pelo país) passou de uma queda de 0,30% na semana anterior para uma retração de 0,44%. A análise chegou a ser mais pessimista há três semanas, quando a projeção negativa chegou a 0,49%.

A previsão da produção industrial passou de uma redução de 3,84% para queda de 4,13%, ao passo que a inflação projetada, medida pelo IPCA, foi revisada para cima, de 4,3% para 4,36%, abaixo ainda da meta estipulada pelo governo (4,5%). As estimativas para a taxa Selic no fim deste ano e do próximo foram mantidas, em respectivamente 9,25% e 9,50%. A taxa de câmbio no fim de 2009 continuou cotada a R$2,20.